Revista Virtual Astro-Lábio de Arte & Literaturas 2ª edição_
Casa e suas adjacências – jardim, muro, mobiliário, caracol, tapete, cozinha, etc.

BLOG DO PROCESSO

DIÁRIO POLIFÔNICO
CASA EM OBRAS



        











Louvor do lixo

para a Amra Alirejsovic
(quem não viu Sevilha não viu maravilha)

É preciso desentropiar
a casa
todos os dias
para adiar o Kaos
a poetisa é a mulher-a-dias
arruma o poema
como arruma a casa
que o terramoto ameaça
a entropia de cada dia
nos dai hoje
o pó e o amor
como o poema
são feitos
no dia a dia
o pão come-se
ou deita-se fora
embrulhado
(uma pomba
pode visitar o lixo)
o poema desentropia
o pó deposita-se no poema
o poema cantava o amor
graças ao amor
e ao poema
o puzzle que eu era
resolveu-se
mas é preciso agradecer o pó
o pó que torna o livro
ilegível como o tigre
o amor não se gasta
os livros sim
a mesa cai
à passagem do cão
e o puzzle fica por fazer
no chão

Lopes, Adília, A mulher-a-dias, Lisboa: & etc, 2002

***





 ''

Eu tenho um pensamento vivo.

Sonho pra fazer e faço.

A casa depende do espírito, é uma casa espiritual.

Aquelas flores é feita com caco, de telhas, é um coisa mais forte, caco de pedaço de pedra, porque quero fazer que fique aí, não se desmanche. A chuva bate, lava, é sempre, é uma sempre-viva aquilo.

Às vezes saio para ver essas coisinhas que eu mesmo faço e eu mesmo fico satisfeito, me conforta.

Esta casa não é uma casa, isto é uma história, é uma história porque foi feita por pensamento e sonho.

Trabalhei sozinho, todo esse movimento que está aqui não tem ajuda, eu que fiz tudo com as minhas mãos.

Eu quero os cacos porque dos cacos eu vou fazer as coisas para as pessoas se admirar, pra quê quero comprar uma jarra nova? Jarra comprada eu não preciso. Isso não tem graça.

E assim levo a minha vida assim nos sonhos, sonho toda noite. Eu durmo tarde da noite, mas quando vou dormir assim mesmo vêm os sonhos. Vêm aqueles sonhos, aquela visão, aquele pensamento...

Eu indo em Cabo Frio, entro na casa daquelas grã-finas, eu trago tudo na mente que eu vi naquela casa, aí é que está, não tiro retrato não, se eu tiver o material, chego em casa e vou fazer perfeito.

Ainda está claro do dia, eu já estou procurando a cama, mas não pra dormir, prá pensar. Me deito na cama, pego a imaginar até meia-noite, pensando. O meu sentimento vai muito longe.

Vem uma pessoa com um azulejo, eu boto. Vem uma pessoa com um caramujo, eu boto. Vem uma pessoa com um prato quebrado, quebra uma jarra, eu faço aquela ramagenzinha, uma rosa, boto prá enfeitar.


 ''

Gabriel Joaquim dos Santos
http://www.casadaflor.org.br



Fenêtre sur chambre

Chambre sur fenêtre. J ..........................

Fenêtre sur chambre / J 6.
"Parfois, levant les yeux, on pourrait même surprendre un regard"
Noté sur la fenêtre centrale.


-Une maison?
- Une fenêtre et un jardin...

sténopé
un trou dans une boite qui enregistre l'image
point de fuite
une fenêtre / cadre le regard
une photo / cadre le regard
ordinateur / fenêtres virtuelles / points de fuite

Une fenêtre qui laisse l'horizon rentrer




Appointment'- Sophie Calle, 1999.

Sophie Calle at The Freud Museum, 20 Maresfield Gardens, NW3. 12 February - 28 March 1999.


Sophie Calle created a special installation at Sigmund Freud’s house using her personal keepsakes and texts juxtaposed with Freud's collection. Although used in previous projects, her texts or autobiographical stories with their associated artefacts, take on a completely new significance in the context to Freud's famous consulting room. This contains the original analytic couch on which patients would recline comfortably while Freud, out of sight, listened to their 'free association'. They were asked to say everything that came to mind without consciously sifting or selecting information and this became a foundation upon which psychoanalytic therapy was built.

Freud's study is also crowded with antiquities from ancient Greece, Rome, Egypt and the Orient and the importance of the collection is also evident in Freud's use of archaeology as a metaphor for psychoanalysis. He liked to compare the uncovering of archaeological layers, and their interpretation and reconstruction, with analysis. Sophie Calle's investigation of her own childhood and adult memories is associated with specific objects from her personal museum and interwoven with her intimate texts. Her reference to certain highly significant, objects and emotionally charged events in her life have many parallels to Freud's own psychoanalytical theories and his collecting passion.



Sophie Calle text for Selected Images:

1st picture from top: Sophie Calle wearing Freud's original coat opening the door to his house in Maresfield.
Sophie Calle text:

"I was thirty, and my father thought I had bad breath. He made an appointment for me with a doctor whom assumed was a general practitioner. Except that the man I found myself facing was a psychoanalyst. Given the hostility my father always manifested towards this profession, my surprise was total. My first words were: "There must have been a mistake, my father is convinced I have bad breath and he sent me to a generalist." "Do you always do what your father tells you to do"? replied the man. I became his patient."

2nd picture from top: Sophie Calle's wedding dress on Freud's analylic couch.
Sophie Calle text:

"I always admired him. Silently, since I was child. One November 8th - I was thirty years old - he allowed me to pay him a visit. He lived several hundred kilometers from Paris. I had brought a wedding dress in my bag, white silk with a short train. I wore it on our first night together."

3rd picture from top: Sophie Calle's wax banana and ice creme desert on Freud's dining table.
Sophie Calle text:

"When I was fifteen I was afraid of men. One day in a restaurant, I chose a dessert because of its name: ‘Young Girl's Dream’. I asked the waiter what it was, and he answered: "It's a surprise." A few minutes later he returned with a dish featuring two scoops of vanilla ice cream and a peeled banana. He said one word: "Enjoy." Then he laughed. I closed my eyes the same way I closed them years later when I saw my first naked man."

4th picture from top: Sophie Calle's blond wig on Freud's hall table.

Sophie Calle text:

"I was six, I lived in a street named Rosa-Bonheur with my grandparents. A daily ritual obliged me every evening to undress completely in the elevator on my way up to the sixth floor where I arrived without a stitch on. Then I would dash down the corridor at lightening speed, and as soon as I reached the apartment I would jump into bed. Twenty years later I found myself repeating the same ceremony every night in public, on the stage of one of the strip joints that line the boulevard in Pigalle, wearing a blond wig in case my grandparents who lived in the neighbourhood should happen to pass by."



Penso na casa que habitei

Penso nos seus recortes irregulares, nas suas portas e janelas, calhas, cisterna, jardim

Penso no sótão sombrio e repleto de ratos

Penso nos muros brancos, depois cobertos por hera, que foram paulatinamente construídos

Penso nas perambulações pelos quartos, quando se encontravam vazios e acessíveis aos meus caprichos

Penso em como manipulava as revistas pornográficas do meu irmão

Penso em como vestia, para logo após despir, as roupas e acessórios guardados nos armários dos meus pais

Penso em como tudo isso não significava para mim o acesso a uma intimidade, mas a teatralização de gestos que se davam nesses espaços, por vezes, impenetráveis ao meu olhar

Penso em como os espaços externos e internos da casa se confundiam: ao mesmo tempo íntimos e visíveis, abertos e jamais inteiramente acessíveis

Penso em outras casas, em muitas outras: nas dos amigos, dos parentes, nas que visitei

Penso nas vezes em que estive só com M. em sua casa e como só lá nos permitimos uma proximidade física desconcertante

Penso no meu tio que construiu cada uma das casas em que morou

Penso em como, logo após a casa pronta, o seu olhar se tornava vago, sendo o prenúncio de um abandono

Penso na minha inabilidade para constituir um lar, uma morada

Penso na casa de vidro sonhada pelos contemporâneos de Benjamin

Penso nos penetráveis do Helio

E por eles penso que, talvez, a casa se engendre como imagem: da separação entre o olhar e a luz, lá onde a matéria impõe um obstáculo à visão, ao mesmo tempo em que se mantém aberta a luminosidade

Penso, por isso, que, talvez, a casa seja, antes de tudo, um grande vitral: um corpo poroso e, ao mesmo tempo, opaco, uma abertura e um fechamento, uma névoa de cores, uma miragem

Maison
Demeure
Demeurer
rester


Une enceinte: un dedans
Devenir - enceinte : pouvoir accueillir un dedans
être enceinte: être monde, être ville, être maison,
La femme monde -ville-maison




Paul:


-petite: on peut la chauffer correctement

-les murs sont dégueulasses et pas de moquette au sol

-pourquoi on ne dort pas dans sa chambre? Notion / sentiment de provisoire , qui fait qu'on ne veux pas passer de temps et mettre de l'énergie à s'investir dans un espace alors qu'on est pas sur d'y rester . « J'ai une chambre ici, mais je dors dans celle de quelqu'un d'autre. »


' je vais trimballer ma chambre ailleurs' quand on trimballe sa chambre on ne trimbale pas les murs, on se déplace juste soit même en disant qu'on déplace sa chambre. La chambre serait relative à l'idée d'affaires personnelles. Quand on déplace sa chambre, on se déplace soit et on déplace ses affaires. Aucuns liens avec les murs.




écrit de trente kilos.


La maison immobile


polarité de la maison
comme notre coin du monde
notre coin vertical du monde/

Axe vertical né pour abriter une autre verticalité / mouvante, celle fois, la nôtre.

Notre verticalité qui se déplace d'un point à l'autre en passant à chaque pas par un état de chute possible. Notre verticalité fragile dont la possibilité de mouvement est liée à son déséquilibre.

La maison, cette verticalité plantée / forte / et en même temps ce coin; qui abrite cet être en permanente situation de chute

Pourquoi nos maisons sont elles immobiles, alors même que nous somme des êtres en mouvement?

Nous avons besoin, comme d'autres, de cette coquille, mais nous prenons soin, avant de la quitter, d'être certain de son emplacement géographique et faisons des aller retour entre notre coquille et le monde; ce qui est plutôt drôle, quand on pense aux tortues, aux escargots, dont la seule nécessitée dans le concept de la maison est celle de l'abri; Dans nos maisons, on trouve nombre d'objets, certains utiles, d'autres émotionnels / un peu comme si on chargeait notre coquille du poids, et de l'espace de notre histoire individuelle et sociale. Comme si cette coquille était alors trop lourde pour

nous accompagner à chaque pas / imaginons une tortue, dont la coquille abriterait des livres, des photos, un matelas douillé; notre notion de la coquille semble vouloir contenir le monde, le retenir/ à notre échelle/ créer un nouveau monde/ à notre image / plus petit / plus chaud / où tous les visages/ corps / et mémoires sont aimés et connus d'avance.

.

Mais j'aimerais me concentrer sur la tortue. Elle peut rentrer dedans au moindre sentiment de danger / d'inquiétude. Par quelques trous qui lui permettent de s'y engloutir aussi rapidement. Notre maison / notre chambre est aussi un trou / une grotte en quelque sorte, mais sont poids la rend immobile et nous oblige à quitter l'abri permanent à se créer d'autres coquille/ d'autres carapaces/ invisibles celles là, dans lesquelles nous rentrons sans renter / avant de retourner dans notre trou.

En cela, la maison immobile fait émerger en nous de nouvelles formes de maisons / invisibles et mobiles / psychologiques.


Pour réaliser le poids de l'immobilité, j'écris ce texte de trente kilos / ce qui correspond à l'addition du poids de chacun des objets qui constitue ma chambre immobile.

D'après les Silmovins / notes de chambre


Se nicher dans l'écriture

à l'intérieur des lignes

un trait est une épaisseur.

S'abriter dans l'épaisseur des mots

lettres à la fin des mots / les doutes de l'orthographe: je corrige les textes de Mr Relative, ses erreurs sont :

appartEs, BonjourEs , erreurE,

jeu avec Perec « la disparition ( où il fait disparaître le E) // l'apparition liée à l'erreur: faire apparaître des lettres là où il n'y en a pas.

Voir/ percevoir.


L'écriture comme maison.

Spatialisation de l'écriture ou poésie concrète.

Au milieu d'une structure de mots, faire apparaitre des mots formés de la fin des autres mots, mais presque invisibles , qu'on pourrai ne pas voir.


D'après histoires naturelles de Pline::


Les Silmovins :

lézards minuscules qui sont irrésistiblement attirés par les inscriptions gravées dans la pierre, à l'intérieur desquelles ils se nichent volontiers. Lorsqu'ils sont dérangés par le regard soutenu de certains lecteurs, ils s'immobilisent dans les lettres à l'extrémité des mots, « profitant de la mauvaise connaissance actuelle de l'orthographe pour passer inaperçu."

Le 3/02/2011 Région Parisienne
Métro, quelque part sur la ligne 13
J'ai déjà raté mon arrêt.
Absence 2.




Notes - - - - - - - - - - - --- -- ---- --- - -- -- --- - - -- --L' ABRI



Il pleut
J'aime l'objet parapluie
J'aime aussi sentir la pluie glisser sur mon visage
Être mouillée

Rentrer dans un café
Boire quelque chose de chaud
Étendre mes chaussettes sur le radiateur
Me coller au radiateur
Lire un quelconque journal qui traine par là.
Observer les gouttes de pluie sur les vitres éclairées par les phares des voitures.

Ou

Rentrer chez moi
me déshabiller
et commencer à sentir l'eau chaude me recouvrir, m'envelopper,
me réchauffer doucement
Le son entrecoupé par l'eau de ce qui passe de bon ou de mauvais à la radio derrière la vitre de ma douche

une culotte
un pull
l'eau qui bouille
un thé
un carnet

Et m'assoir sur le rebord de la fenêtre
Au chaud maintenant
avec toujours ces gouttes,
ces lumières de la ville qui s'y floutent.

J'ai un parapluie
Noir à pois blanc
ou plutôt
Enfin, je veux dire
Les auréoles formées par les trous de cigarette remplacent peu à peu les pois jadis blanc

Bref

Accroché dans un coin
J'ai un parapluie

Qui a servi
Qui ne devait plus servir

Mais ce jour là, c'était différent
Je travaillais alors comme hôtesse d'accueil dans un théâtre
De ce genre de théâtre où il vaut mieux avoir un parapluie quand en chemin, il se met à pleuvoir fort
Ce jour là, j'ai décroché le parapluie de son coin

Je descend l'escalier
Je l'ouvre
Je sors
Je marche
J'entre dans le métro

Je
Je
Il
Euh...

Le métro est bondé
Le
merdeee
le parapluie ne se ferme plus

Le métro est bondé
Le bras tendu, au milieu du wagon de métro, je tente de le placer au plus haut
au dessus des gens / pour qu'il gène au moins

Un wagon de métro
Une fille au parapluie ouvert au dessus de la tête des gens dans un wagon de métro

Un abri du dehors,
qui,
par une petite erreur
une mauvaise connexion
prend un peu sa place dans le dedans

la porte du wagon s'ouvre
Des gens sortent
D'autres rentrent
Regards interrogatifs
Regards
Un
Puis deux
Puis tout le wagon
Et les gens, sur le quai
Regards

- eux: du parapluie à moi
- moi: de eux au parapluie

Rires

Aujourd'hui, je n'ai plus de parapluie
Aujourd'hui, je ne suis plus hôtesse d'accueil pour un de ces théâtres que je répugne
Aujourd'hui, je laiche doucement la pluie quand elle ruisselle sur mon visage
Et je regarde, aveuglée par des larmes qui n'en sont pas
La valse floue des couleurs des parapluies
Ils formes presque un autre niveau de la ville,
à taille d'homme,
un niveau en déplacement
et dont les dessous, par temps d'orage
sont secs.
Invitation crémaillère


Mon ami et moi avons le plaisir de vous convier à la crémaillère de notre nouvel appartement sans murs.
A "conter" d'aujourd'hui, nous souhaitons vivement quitter le "Générateur" et sortir un peu des squat pour se reposer un peu et bosser tranquillement.
Mais trouver un appart n'est pas ce qu'il y a de plus simple à Paris.
Ce pourquoi, je vous convie à bien vouloir nous faire parvenir vos indices dans cette chasse au trésor qui commence pour nous.
Merci de votre compréhension et de votre aide.
Saint Denis, le 3 Février 2011 A vous, à nous, à moi , à eux.
Cours d'esthétique
Abscence 1


objet: Parfois être ici nous mène complètement ailleurs

Episode bar El Paraiso

Thomasson passe manger un bout à la maison avant d'aller bosser
Il arrive jusqu'à ma porte mais le temps le presse
Une amie, qui l'a accueilli vient m'avertir de son passage
Il est déjà parti
Mais il lui a laissé un bouquet de persil,
présenté comme un bouquet de fleur,
et dont les tiges sont entourrées d'un message.


- Pas de temps.
Ce jardin est celui des délices et des vertiges
Les balançoires se mettent à respirer
Rejoins moi au bar El Paraiso.




Internet
Adresse du bar
Montparnasse
Je me chausse
Métro
Une correspondance
Arrivée à l'adresse

Pas de bar.

Je vais me renseigner auprès des bars et commerces du coin

- aa... El Paraiso
chouette bar
la patronne dosait bien le rhum!

- El Paraiso... le rendez vous des gens du quartier....

- C'était toujours un plaisir d'y voir jeanne, passé une certaine heure, nous inviter dans les coulisses de la cuisine, à enchainer les shot de vodka et à manger le frometon à même le frigo...
c'était un peu chez nous quoi!

Aujourd'hui, un Framprix.
Framprix

J'ai fini par rentrer
Par visiter le supermarché avec encore en tête les histoires fraichement racontées d'El Paraiso
Et là.
Je t'ai vu.
Tu était au rayon bière
On a bu 2 leffes
On a payé
Tu es allé bosser

Je suis rentrée
J'ai mis le bouquet de persil dans un vase
Et,
A mesure que les jours passaient
feuille par feuille,
je l'ai mangé

Le vase est resté
Le framprix aussi.
La maison sans murs

Qu'est ce qu'on garde quand on nous a ôter les murs?




J'ai rencontré cet homme, qui, à mesure de sa vie, a gommé les murs de sa maison
gommé
jusqu'à ce qu'il ne lui reste qu'une chaise,
qu'il transporte partout,
ou qu'il laisse,
à un endroit bien précis du quartier,
où les gens savent que c'est
sa chaise.
Outre sa chaise,
Il trimbale avec lui un cadi.
Dans ce cadi, nombre de sacs, de sacs de sacs même parfois.
Dans ces sacs,

Ce à quoi il tient / ce qui lui est nécessaire au quotidien / ce qui est nécessaire à sa survie
Ce à quoi il tient / ces petits objets à valeur affective dont on ne voudrait se séparer, pour une raison ou une autre, et cette raison, lui la connait.
Ceux à qui il tient / ces photos souvenirs qu'il regarde parfois sans trop pourtant les regarder

Dans cette maison sans mur, l'accueil est froid et chaleureux
Dans cette maison sans mur, il n'y a plus ni dedans ni dehors
ni fermé ni ouvert
de l'entr'ouvert?
mais sans fenêtre
sans jardin

A quoi tient on?
A qui tient on?
Qu'est ce qui nous fait tenir?
Tenir.
Tenir debout
dans une maison sans murs?
Bar
Bruxelle le 27 janvier 2011 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -mais peut être, n'était ce pas le 27


- Astro labio?
- Revue
Revoir
Re?
Voir.

- une maison?
Avoir une fenêtre et un jardin.
Un dedans qui est déjà un dehors
Dedans / dans / espace fermé.
Dehors / hors / hors de l'espace fermé.
Une fenêtre / un entr'ouvert.

Une maison comme une dedans - dehors / comme un entr'ouvert.
Ne pas avoir de chambre.
Habiter la chambre de l'autre pendant son absence
Habiter ses photos
Habiter ses notes griffonnées sur un mur
habiter l'odeur de ses couettes
Partager ce que l'autre mange que l'on trouve encore dans ses placards
Habiter le corps de son corps


La chambre des autres.

1 - Habiter la chambre d'Elise.

J'ai rencontré Elise dans la rue et cela fait 2 jours que j'habite chez elle / sans elle / mais tellement avec elle dans le même laps

Ses pots à épice, sur le rebord de la cuisinière sont parfaitement ordonnés, en ligne diagonale, chacun à égale distance de l'autre.
Ne pas toucher aux pots à épice.

Je découvre aux murs les visages de quelques de ses proches
et commence à noter
à mesure que mon regard erre sur/ sous/ derrière ce mur/ d'un mur à l'autre/ d'une pièce à l'autre
certains traits de sa personnalité.

Je ferme les yeux et me demande alors
Qu'y a t il d'intime en nous, de cet intime qui ne s'affiche pas sur un mur, qui ne se saisi pas lors de la promenade d'un regard dans un appartement.

je pense
je sens
je me souviens

comment mettre de mon intime imperceptible dans l'intime de la chambre d'Elise
pour habiter cette chambre
à mon tour
quelques temps

je ferme les yeux
je me remémore les éléments vus de cette pièce.
Ceux dont je me rappel ont un écho en moi.
Qu'ils partent d'une pensée / la vue de tel objet m'a fait penser qu'Élise aime ceci ou cela
Qu'ils partent d'un souvenir / l'odeur de sa couette m'évoque l'odeur d'autres couettes dans lesquelles j'ai dormi, m'évoque d'autres gens, d'autres instants
Qu'ils partent d'une sensation / pourquoi je me sens bien ici alors que je serais senti mal ailleurs, quels éléments de l'espace de mon chez elle font que mon corps peut y habiter ponctuellement?


2 Habiter la chambre de Anne

Je connais Anne
Je connais la chambre de Anne
Je ne connaissais pas encore la chambre de Anne sans Anne / sans ces nombreuses discussions
qui s'éternisent / sans ses rires, ses questionnement qui se font notre à quelques moments
Habiter une chambre par laquelle j'ai l'habitude de passer / de rencontrer une personne / quelques photos sur un mur / mur que je connais / et là.
Être Là
Avec ces murs
Et ses photos que je connais

Les chambres, à paris sont souvent des micro reconstitutions d'appartement: un appartement où tout est miniaturisé:
une kitchinette / petite cuisine
une petite salle de bain
une petite salle à tout: à manger, à dormir, à bosser, à s'oublier, à faire du sexe, à voir un film, une petite salle où l'on condense un peu toutes les activités que l'on fait généralement dans un intérieur.
outre la kitchninette, qui se trouve dans la salle à tout faire, il y a
mis de côté
la salle de bain
le cabinet de toilette

(j'ouvre une parenthèse: pourquoi d'ailleurs dit on cabinet de toilette- qui est la pièce où se trouvent l'objet toilette ni plus ni moins - comme on dit cabinet de dentiste, cabinet d'avocat ?
je ferme la parenthèse)

Ici, habiter la chambre de l'autre est pour moi habiter un imaginaire partagé par bribe. Habiter ce que l'on a jamais formulé mais que j'ai le temps, ici, de découvrir à nouveau.
Habiter ses murs, ses notes, ses photos dont on a pu partager les histoires fondatrices
Ce qui me raconte la partie d'Anne qui a toujours été là, sur ce mur, mais que je n'ai jamais regardé vraiment,
à présent, ce dont je me souviens de ce qu'elle me racontais sur cette photo et la vision de la même photo, seule ici, à cette même table de laquelle on échangeait me fait voir une autre photo, une autre Anne.

Tu arrive.
et tu me parle de bolano, de cette pensée que tu as eu sous la douche " enlever ses poils du savon" quand tu es chez l'autre.
Quels gestes que l'on ne ferait pas dans notre propre chambre fait on quand on habite la chambre des autres?
A home is not a house

Notas. Le Coq, Bruxelas, 22/01/2011.

1 - A casa do outro :

- Ulisses Lima - Quando morava em Paris não tinha chuveiro, ia tomar banho na casa de Simone Darrieux, amiga de Arturo Belano. Se preocupava em não deixar nenhum fio de cabelo no box e não falar muito.

- Maio ou Junho de 2009. A Mathilde, irmã da Chloe, deixou a chave comigo e foi dormir na casa do namorado. Fiquei três dias na casa dela em Lille. O sol se punha às 23 horas - quase meia-noite. Uma janela enorme dava para uma fábrica abandonada. As casas de tijolos vermelhos, a cerveja belga. Se masturbar na casa de alguém que você não conhece.

- Cada casa por que passo, cada chalé, cada casita isolada caiada de branco e
de silêncio - em cada uma delas num momento me concebo vivendo, primeiro feliz,
depois tediento, cansado depois; e sinto que tendo-a abandonado, trago comigo
uma saudade enorme do tempo em que lá vivi. De modo que todas as minhas
viagens são uma colheita dolorosa e feliz de grandes alegrias, de tédios enormes,
de inúmeras falsas saudades. (Livro do Desassossego)


2 - Um trabalho do Michael Snow no Canadá. Uma casa branca no meio da neve. Uma luz intensa emanando das janelas. Alguém que tenta se aproximar e ofusca a vista. A neve que sem derreter também brilha. E a gente que quer ver o interior e não pode, além do quê, apenas imaginaçao e tecnologia.

3 - Índia. Uma tartaruga nadando no éter. Encima do casco quatro elefantes de pé sustentando o planeta Terra. A lentidão-velocidade do animal-abrigo.

4 - Número 1 e número 2 da revista :

- Continuidade 1 : amateur = produção de amor, janela.

- Continuidade 2 : Espécies de espaços (formas de habitar - a passagem e depois o abrigo).

- Lógica cíclica (número 1 e número 2). Outra leitura da palavra Astro-Lábio : O astro que diz onde estou. O lábio que é a produção de amor pra fora. Como se o que antes era fora (astro) se fizesse agora dentro, e o que antes era dentro (lábio) se expandisse.

- A número 2 surge então como ponto-de-fuga da número 1. Depois de tanto deslocamento "eu só preciso de uma janela com um jardim".

- Mudança de escala. Relação entre editores e colaboradores : antes os e-mails enviados a mil pessoas. Agora o telefone, o encontro na cantina, o e-mail individual, o esbarrar-se na saída do metrô.

- Se a número 1 funcinou de acordo com o universo-constelação. A número 2 será um universo-concha. Se antes mil trabalhos, mil linhas em conexão, agora cada canto um microcosmo.

- Antes [fragmentação e justaposição] agora [topologia e metamorfose] (?)

Obs : é estranho falar de "abrigo" estando sempre sem.

3 - * nunca atendia o telefone. Primeiro quem ligava desligava antes de deixar recado. Três toques e a voz da secretária eletrônica. Depois perceberam que tinham que deixar mensagem pra que alguém atendesse. Até que um dia, ao voltar de um tempo fora, deu play e ouviu um eco : * * * * * * *