seguir da planta da casa
para o interior
do preto e branco
para a cor
+
entrar em sintonia quer dizer
ligar a rádio na hora e ver a música que toca
+
deixar o vento varrer tudo,
abrir a janela,
e ver levantar as capas dos livros
as páginas re-viradas
e ver voar os sacos plásticos
os tufos de poeira
as cinzas dos cinzeiros
escutar portas distantes que batem
baldes de alumínio que caem nos jardins dos vizinhos
que alimentam pombos...
+
o centro é ubíquo
+
BACHELARD - a poética do espaço.
a casa como casulo. como caracol. como ninho.
a minha avó se baseava muito nos escritos do bachelard. tanto na química quanto nas artes plásticas.
vou pegar na biblioteca.
os nomes dos capítulos já me dizem muito.
- la maison. de la cave au grenier. le sens de la hutte.
- maison et univers.
- le tiroir. les coffres et les armoires.
- le nid.
- la coquille.
- le coins.
- la miniature.
- l'immensité intime.
- la dialectique du dehors et du dedans.
- la phénoménologie du rond.
o foucault depois vai dizer que se interessa mais pelo espaço que fica do lado de fora. e complementa o pensamento do bachelard com a sua reflexão em torno da heterotopia, espaços outros, conferência-base para o que depois será a geofilosofia.
de um lado o inconsciente do dedans, do outro o inconsciente do dehors.
e daí pensei na fobia. o medo do lado de fora. de dormir na rua. o escuro. o frio. a violência. e o lado de dentro (que também possui seu lado aterrorizante, quando a casa começa a ganhar vida). e neste sentido roman polansky (the tenant, repulsion, the rosemary's baby) e a casa fechada do cortázar.
PEREC - espèces d'espaces.
fala de tipos de espaços - enumerar, classificar, pensar, esgotar.
e começa com:
- a página.
- o quarto.
- o apartamento.
- o imóvel.
e depois sai : - a rua. - o bairro. - a cidade. - o campo. - o país. - a europa. - o mundo. o espaço.
num movimento que começa com a letra no branco e termina com o planeta e com a abstração do espaço (talvez aí a gente veja a origem judía do perec - que pode ser também peretz).
BETA - a palavra beta vem de "casa" - se não me engano em fenício (em grego significa 2).
"CASA BETH BETA Β β B b
A letra B vem do pictograma egípcio que representa uma casa mediterrânea de teto
achatado. A palavra semítica que significa casa, é BETH, origem da letra grega b."
vem de um desenho que antes descrivia uma espécie de espiral quadriculado (de caracol -www.dalete.com.br/saber/tabela.pdf ), remetendo ao labirinto e ao oikos (casa).
(alpha, por outro lado, significa touro. e se pensarmos bem, "alphabeta" é uma palavra que em si só nos serve como uma espécie de ideograma que expressa a lenda do minotauro no labirinto.)
Norbert ELIAS - o processo civilizador.
tem um texto maravilhoso sobre a casa como extensão do corpo. do quarto como uma exteriorização do nosso inconsciente.
vou achar.
(é legal ver essa outra linha, a da história dos costumes.)
(casa e corpo. banheiro como santuário do corpo. aquele texto sobre os sonacirema do Horace Miner.)
ELIADE - imagens e símbolos.
lembro do eliade falando da pedra fundamental ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedra_fundamental ).
a casa como centro do universo.
e é incrível como até hoje no juazeiro do norte eles têm o ritual de refundar a casa (me esqueci o nome da festa). cada casa tem um dia. o dia em que foi posta a pedra fundamental. um dia e um santo. nesse dia, todo ano, a casa é "refundada", o santo comemorado. porque todo centro do universo está associado, de alguma forma, a uma cosmogonia e a uma volta, uma re-criação (re-presentação do tempo original) do mundo.
os principais centros do universo são de três tipos :
- o corpo. associado à casa. (seja uma caverna - na montanha - ou uma tenda - no deserto).
- a árvore cósmica. com seus galhos. suas raízes.
- o menhir. a primeira arquitetura (origem do templo, da coluna). a pedra dançante ("peripatos", que significa caminhada, ambulância, itinerância, mas também coluna ou colunata). o ponto de encontro (entre as estradas, os territórios). ka (de onde vem karnak - no egito - e carnac - na inglaterra) = o princípio da errância. mercúrio.
centro é aquilo que une os níveis (os daqui uns com os outros, e os daqui com os-de-lá [más-allá/au-delá/além, e em italiano, que é lindo: al-di-là] ).
segundo os astecas: cérebro conectando-me ao céu (mundo dos deuses). coração à terra (mundo dos homens). fígado ao subterrâneo (mundo dos mortos).
sendo que o corpo, para os astecas, possui, como a casa (e o mundo), quatro cantos e um fogo no meio (o fogo que brilha nos meus olhos, o fogo que vemos através da janela, o fogo que alumia o cosmos). os quatro cantos do mundo e o espírito que os anima. o mundo como uma casa, como um corpo. corpo/casa/cosmos.
a casa como casulo. como caracol. como ninho.
a minha avó se baseava muito nos escritos do bachelard. tanto na química quanto nas artes plásticas.
vou pegar na biblioteca.
os nomes dos capítulos já me dizem muito.
- la maison. de la cave au grenier. le sens de la hutte.
- maison et univers.
- le tiroir. les coffres et les armoires.
- le nid.
- la coquille.
- le coins.
- la miniature.
- l'immensité intime.
- la dialectique du dehors et du dedans.
- la phénoménologie du rond.
o foucault depois vai dizer que se interessa mais pelo espaço que fica do lado de fora. e complementa o pensamento do bachelard com a sua reflexão em torno da heterotopia, espaços outros, conferência-base para o que depois será a geofilosofia.
de um lado o inconsciente do dedans, do outro o inconsciente do dehors.
e daí pensei na fobia. o medo do lado de fora. de dormir na rua. o escuro. o frio. a violência. e o lado de dentro (que também possui seu lado aterrorizante, quando a casa começa a ganhar vida). e neste sentido roman polansky (the tenant, repulsion, the rosemary's baby) e a casa fechada do cortázar.
PEREC - espèces d'espaces.
fala de tipos de espaços - enumerar, classificar, pensar, esgotar.
e começa com:
- a página.
- o quarto.
- o apartamento.
- o imóvel.
e depois sai : - a rua. - o bairro. - a cidade. - o campo. - o país. - a europa. - o mundo. o espaço.
num movimento que começa com a letra no branco e termina com o planeta e com a abstração do espaço (talvez aí a gente veja a origem judía do perec - que pode ser também peretz).
BETA - a palavra beta vem de "casa" - se não me engano em fenício (em grego significa 2).
"CASA BETH BETA Β β B b
A letra B vem do pictograma egípcio que representa uma casa mediterrânea de teto
achatado. A palavra semítica que significa casa, é BETH, origem da letra grega b."
vem de um desenho que antes descrivia uma espécie de espiral quadriculado (de caracol -www.dalete.com.br/saber/tabela.pdf ), remetendo ao labirinto e ao oikos (casa).
(alpha, por outro lado, significa touro. e se pensarmos bem, "alphabeta" é uma palavra que em si só nos serve como uma espécie de ideograma que expressa a lenda do minotauro no labirinto.)
Norbert ELIAS - o processo civilizador.
tem um texto maravilhoso sobre a casa como extensão do corpo. do quarto como uma exteriorização do nosso inconsciente.
vou achar.
(é legal ver essa outra linha, a da história dos costumes.)
(casa e corpo. banheiro como santuário do corpo. aquele texto sobre os sonacirema do Horace Miner.)
ELIADE - imagens e símbolos.
lembro do eliade falando da pedra fundamental ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedra_fundamental ).
a casa como centro do universo.
e é incrível como até hoje no juazeiro do norte eles têm o ritual de refundar a casa (me esqueci o nome da festa). cada casa tem um dia. o dia em que foi posta a pedra fundamental. um dia e um santo. nesse dia, todo ano, a casa é "refundada", o santo comemorado. porque todo centro do universo está associado, de alguma forma, a uma cosmogonia e a uma volta, uma re-criação (re-presentação do tempo original) do mundo.
os principais centros do universo são de três tipos :
- o corpo. associado à casa. (seja uma caverna - na montanha - ou uma tenda - no deserto).
- a árvore cósmica. com seus galhos. suas raízes.
- o menhir. a primeira arquitetura (origem do templo, da coluna). a pedra dançante ("peripatos", que significa caminhada, ambulância, itinerância, mas também coluna ou colunata). o ponto de encontro (entre as estradas, os territórios). ka (de onde vem karnak - no egito - e carnac - na inglaterra) = o princípio da errância. mercúrio.
centro é aquilo que une os níveis (os daqui uns com os outros, e os daqui com os-de-lá [más-allá/au-delá/além, e em italiano, que é lindo: al-di-là] ).
segundo os astecas: cérebro conectando-me ao céu (mundo dos deuses). coração à terra (mundo dos homens). fígado ao subterrâneo (mundo dos mortos).
sendo que o corpo, para os astecas, possui, como a casa (e o mundo), quatro cantos e um fogo no meio (o fogo que brilha nos meus olhos, o fogo que vemos através da janela, o fogo que alumia o cosmos). os quatro cantos do mundo e o espírito que os anima. o mundo como uma casa, como um corpo. corpo/casa/cosmos.
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